Busca pela felicidade


AUTOR: Edvan Sena

Artigo produzido e postado em 16 de Outubro de 2020, as 12:25.


Muitas pessoas se perguntam sobre o que as fariam felizes e até procuram buscar esses motivos de felicidade. Cada um encontra sua razão de ser feliz. Enquanto algumas dessas pessoas procuram essas razões em coisas materiais, outras a encontram em coisas espirituais. No entanto, há certa confusão nesses motivos, pois há de se considerar a existência de equívocos que atrapalham o encontro com a felicidade perfeita.

No mundo, não importa se no passado, presente ou futuro, houve, há e sempre haverá imensas possibilidades que possam proporcionar a busca da felicidade. Não se sabe se, apesar dessas possibilidades existirem, ela seja encontrada. O mais certo a dizer é que, com acertos, erros e tropeços, todos buscam a felicidade e poucos são os que a encontram.

Algumas pessoas consideram essa busca tão essencial para suas vidas que, se preocupam apenas egoisticamente, em buscar a sua própria felicidade, sem se preocupar com a felicidade dos outros e, mais especificamente, daqueles que estão próximos. Isso torna-se um grande problema, pois passa-se ao esquecimento de parar um pouco para observar se aqueles que fazem parte da vida de tal pessoa, direta ou indiretamente, estão sendo felizes. No entanto, o sofrimento destes passa desapercebido, em razão da barreira do egoísmo posta e que passa a fazer parte da vida, tornando-os cada vez mais distantes, numa modelização da infelicidade cada vez mais agigantada.

Há o esquecimento de que a verdadeira felicidade acontece quando há a preocupação em mudar o foco, ou seja, quando acontece o abandono da preocupação com a felicidade pessoal e, passa-se à preocupação com a felicidade das outras pessoas. Daí, a felicidade gerada nessas outras pessoas, transborda, a ponto de atingir aquele que é o responsável por tal felicidade, tornando-o feliz, também, mesmo que sua vida de sofrimento não se revele como felicidade, para aqueles que se colocam como espectadores.

Um grande exemplo de felicidade ocorrida em meio a sofrimentos, é o que aconteceu na vida dos santos. Isso até parece masoquismo, mas não é. Os santos eram felizes com seus sofrimentos, apesar de não gostarem de sofrer. A felicidade deles se baseava na esperança de que, ao final, sua felicidade seria plena.

Esta felicidade sofrida ocorre, com frequência, na vida dos pobres. É por isso que este tipo de população é acolhida e amada por Deus. É Ele mesmo, que infunde esperança nos corações de tais povos sofredores.

Falta tudo na vida dos pobres, mas muitos destes, aqueles que ainda têm um pouco de esperança em seus corações, transmitem ares de felicidade, mesmo sem a saúde desejada, sem a alimentação suficiente, sem uma moradia digna, sem o reconhecimento humano da sociedade.

Esse contexto de vida nos lembra a música do Pe. Zezinho que, em um de seus trechos expressa: “Faltava tudo, mas a gente nem ligava. O importante não faltava: um sorriso no olhar”. É isso. Não é a abundância de recursos materiais que nos faz feliz. É nossa condição como seres humanos justos e compassivos com o sofrimento dos outros.

Quantas pessoas têm tudo na vida, materialmente falando, mas falta-lhes a paz, o amor, a esperança, enfim, falta-lhes a felicidade que, apesar de não tê-la de forma verdadeira, teimam em afirmar que são felizes. Volto a repetir que, a felicidade começa a ser construída a partir do momento que, preocupados com os outros, luta-se pela sua felicidade.

Não sei se os meus objetivos de felicidade são os mesmos de algumas pessoas. Estes objetivos se constituem em seis tipos: espiritual e religioso, familiar e afetivo, profissional e educativo. Os maiores deles estão sustentados na fé. Apesar desses objetivos serem essenciais e principais na vida de todos, os outros não podem ser desprezados, pois quem não precisa de família e afeto, quem não precisa de educação e de uma prática profissional? No entanto, se tiver familia, com sua vida afetiva, e se tiver uma formação profissional e boa educação, com uma profissão e emprego digno, de nada servirá para a verdadeira felicidade, se não existir a fé em Deus. Daí, a importância da fé, traduzidas pela religião e pela espiritualidade de cada um.

Ser um homem da religião, apesar de outras qualificações necessárias à vida, é indispensável. Mesmo tendo uma família, pela qual se deve lutar e para quem se deve demonstrar amor, numa correspondência mútua, na forma de expressão particular de cada um, mesmo tendo uma formação profissional e uma ocupação trabalhista pela qual se sinta realizado, o que faz ter a certeza de que a felicidade se fará presente, é a fé que sustenta a busca dessa felicidade, uma fé que leva todos à Casa de Deus, que conduz a oração, ao diálogo com Ele, que impulsiona a buscar do conhecimento de Deus e de seu Projeto de Vida para toda a família, na Sua Palavra. Contudo, esta felicidade só se tornará mais próxima de sua perfeição, se tais objetivos também estiverem nos corações de todos os membros da família.

É necessário retirar a ideia de cada consciência em relação a uma felicidade solitária, isolada do mundo, como se existisse apenas um homem ou uma só mulher, isso nem é possível. Não se pode ser feliz sozinho. A pandemia do Covid–19 demonstrou isso. Essa felicidade depende das ações que se faz para que o outro seja feliz, inclusive aos membros de sua própria família. Daí, todos que tiverem acesso ou não a este texto, deve ter isso em mente: A felicidade será encontrada quando, houver o despojamento da luta pela própria felicidade e, dar lugar a mudança de direção em que o foco seja a busca pela felicidade das outras pessoas, jogando fora todo o egoísmo. Começando pela contribuição religiosa e espiritual na vida daqueles que estão próximos.

 

Investir nos outros é o segredo da felicidade verdadeira. Mas investir em todos os sentidos, material e espiritual. Muitos investem apenas na dimensão material do ser humano, na construção de uma felicidade superficial e esquecem da construção concreta dessa felicidade, que se fundamenta na fé, pois a verdadeira felicidade se plenifica na vida eterna. Quem luta por uma felicidade totalmente materialista, perde-a com sua morte, enquanto aqueles que lutam por uma felicidade espiritual, conhece sua continuidade, ao passar desta vida para a outra.